segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

O Tempo...



Quando estamos em viagem o mundo não pára. Continua a girar à volta dos planetas numa busca incessante e inesgotável pela luz do Sol. Continua a mostrar as estrelas à noite e quando amanhece fá-las desaparecer juntamente com a lua. O tempo é cíclico e começa e acaba todos os dias. Ou seja no lugar que abandonamos temporariamente tudo continua a acontecer. As pessoas continuam a aparecer à nossa procura e a conformar-se quando não nos encontram. Os emails chegam e são respondidos pelos outros que ficaram. Os horários cumprem-se na mesma. O fim do mês chega e a renda tem de se pagar. O cão come, o gato também. As plantas quase morrem de sede e na maioria das vezes, levam muito tempo a recuperar. Os legumes esquecidos no frigorífico apodrecem. A erva cresce. O meu sobrinho vai todos os dias para a escola. Todos os dias aprende palavras novas e faz as asneiras de sempre e às vezes tem umas novas que só vou saber quando a minha irmã me contar.
Há quem diga que o tempo e o espaço são construções da mente humana. E com tantas dimensões a acontecer em paralelo é bem capaz de ser verdade. Mas voltando às viagens, é curiosa a noção que temos do tempo quando estamos ausentes, como se ele mudasse de lugar connosco. Temos a sensação de que o agora acontece no aeroporto em que aterramos. Nas ruas das cidades desconhecidas que percorremos com o mapa nas  mãos. Na cor e na luz da paisagem que nos percorre o olhar, para lá da janela do comboio. Temos a sensação que o tempo passou a existir apenas nos locais para onde escolhemos ir pois perdemos o contacto com o espaço no qual estamos a costumados a estar. É-nos difícil imaginar que o tempo não é um espaço, que no fundo não existe e que por isso todos podemos imaginar um tempo de Agora em qualquer lugar e em qualquer altura. E quando regressamos é como se tivéssemos viajado numa máquina do tempo, porque o que se passou na nossa ausência já não volta e nunca o vamos viver. Ele segue sempre na mesma direção sem se relacionar com elementos externos, nós é que temos a pretensão de o aprisionar no espaço e nos lugares por onde andamos. Mas ele não se deixa enganar... continua a girar em ciclos e em todos os espaços ao mesmo tempo como se fosse Deus. A ver tudo e a fazer acontecer. E as horas passam aqui e lá no outro lado do mundo sempre sempre a fazer história.

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