sábado, 4 de junho de 2016

Fragilidade


Fragilidade...
Quando sinto tudo através do amor, vem uma grande sensação de abertura, uma vibração que se expande dentro de mim e explode para fora, sem deixar de estar cá dentro. 
Sinto os braços esticarem e a ficarem braços que abraçam tudo o que a minha vista alcança, mesmo que tenha os olhos fechados. 
Sinto o peito tão grande que caberiam em mim todos os corações que eu quisesse, mais as estrelas, a lua e nem o sol rebentaria comigo.
E quanto mais fico nesta vibração amorosa, mais sinto esta sensação de choque eléctrico que me endireita os cabelos na direção do céu. O ar quase que falta nos pulmões e a boca abre-se de espanto, na busca de respirar com mais força.
Tenho agora mil corpos que querem ir a todo o lado, que são as árvores, as nuvens, os pássaros, a chuva que cai e inunda tudo, o calor, o frio. Sinto tudo.
Vivo absolutamente no Presente.
E nesta espiral de sentimentos, de repente estou tão, tão, tão  aberta que não poderia estar mais... frágil. 
Estou a sentir tudo pelo amor e o que ele me trás é fragilidade!
Sinto medo? Espanto? Um aperto?... Da expansão sou sugada para um espaço comprimido, tão comprimido que nem o sinto...
A inevitabilidade do amor é a fragilidade. E esta só existe no amor. Que descoberta assombrosa esta.
... E é isto a vida? Esta abertura sem espaço. Esta dimensão misteriosa que me puxa e me coloca num abismo que me atrai ao invés de me assustar. Esta medida, este comprimento, esta largura que me une, que me isola. Esta equação que me aumenta e me desintegra no mesmo segundo. Esta grandeza sem proporções e que na sua transcendência me condiciona.
Quando sinto tudo através do amor, sou fragilidade em carne viva, sem pele ou proteção. Assim é o amor... que deus me valha!

Sem comentários:

Enviar um comentário